Um Abaporu, a feiúra e o currículo: pesquisando os cotidianos nas conversas complicadas em uma escola pública do Rio de Janeiro
Palavras-chave:
Trabalho docente. Narrativas. Estudos do cotidiano. Currículos como conversas complicadas.Resumo
Neste artigo, partindo indiciariamente da narrativa de uma professora sobre o presente trazido pelo mau estudante Jorge discutimos a cartografia do pensamento abissal e o papel do feio no sentido de refletir sobre a importância da ecologia das diferenças em práticas curriculares que se identificam com a luta processual e cotidiana pela justiça cognitiva. Nesse sentido e no contexto da crise paradigmática corrente, como pesquisadores e professores que pensam o cotidiano como criação permanente, sugerimos que o currículo pode ser entendido como uma conversa complicada e ecológica potencializando a desvisibilização de situações de valorização da diferença. Concluímos que as políticas de unificação curriculares são abissalizadoras do trabalho docente e do aprendizado dos estudantes e sufocam as diferenças nas conversas de sala de aula e, sobretudo, que as narrativas, conversas e práticas curriculares baseadas na ecologia e justiça cognitivas permitem a desconstrução de hierarquias, exclusões e invisibilidades.Downloads
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