“Como da família": Meninas pobres e racializadas no trabalho doméstico e a reinvenção da escravidão no curso do século XX
DOI:
https://doi.org/10.14295/rbhcs.v15i31.16009Palavras-chave:
Trabalho doméstico, Criança e adolescente, racismoResumo
Este artigo tematiza as práticas de sujeição impostas às crianças pobres e racializadas pelo sistema de gestão da menoridade operante na primeira metade do século XX, utilizando como fonte os registros nos prontuários do Serviço Social de Menores da cidade de São Paulo. A partir das trajetórias de meninas internadas na rede de instituições do SSM, foi possível observar como operavam os discursos que sobre elas incidiam, a fim de convertê-las nas manejáveis categorias “desvalidas”, “pervertidas” ou “anormais”, e impor-lhes, além de um errático percurso institucional, o incontornável destino do trabalho doméstico nas casas de famílias abastadas. Através dos trajetos dessas jovens, marcados também por demonstrações de resistência e insurgências diversas, refletimos acerca da posição estratégica ocupada pela gestão e exploração da infância pobre no projeto que prolongou e reinventou o legado da escravização no país, e seus desdobramentos em todo o tecido social, até o presente.
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