AS CRIANÇAS E O VENTO
incursões no mundo da fantasia em prol do ambiente
DOI:
https://doi.org/10.14295/momento.v32i01.15026Palavras-chave:
Criança. Natureza. Brincar. Ludicidade. AmbienteResumo
Só se entende a natureza quando a percorremos e dela fazemos parte integrante, dizia Henry Thoreau em Walden ou a Vida nos Bosques, a propósito da sensação de liberdade que um passeio ao ar livre, pelos bosques, pode trazer ao caminhante. É delicioso quando o corpo é um só sentido e aspira deleite através de cada poro, (Thoreau, 1999: 149). Essa estranha liberdade cria afinidade com as folhas esvoaçantes, que cortam a respiração, sobretudo quando o vento sopra e ruge, levanta as folhas e faz alertas: uma espécie de sentinela da terra, previne o coelho para que fuja da raposa e alerta as crianças para a velocidade e a leveza, incentivando-as a correr atrás das folhas e a brincar com elas, no espaço. O espaço porque fundamental para o ser humano em geral, e em particular para as crianças, é um indicador do que se pode fazer. Quando não se tem bosque, não se viaja? Imagina-se?
Neste texto, e a partir de uma reflexão sobre os modos de brincar ao ar livre, sugerimos ao leitor que experimente pensar o que sente uma criança que não corre no vento, não o sente no rosto, não apanha folhas, não brinca com os animais, mas tem de construir histórias. Uma criança que não brinca em meio aberto, mas antes respira o ar saturado da sala de aula fechada, plena de gente em que o vento não se sente nem circula a não ser no inverno das tempestades. A nossa reflexão estende-se à institucionalização da infância e aos espaços e tempos a que habituamos as crianças. Ao longo da narrativa, que decorre do nosso trabalho com crianças, mas também com os adultos que com elas trabalham, lembramos a necessidade de deslocalizar o tema da natureza da escola, para o pensar a partir do brincar e da brincadeira que permite a conscientização ambiental e dos diversos ecossistemas.
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