ENTRE O DITO E O NÃO DITO
Percepções e prática com leitura-escrita na pré-escola
DOI:
https://doi.org/10.14295/momento.v32i01.14561Palavras-chave:
Leitura-escrita, Educação Infantil, Teoria histórico-culturalResumo
O presente artigo entende que a leitura-escrita é, com frequência, uma atividade que ocupa grande parte do trabalho com crianças pré-escolares. Tendo em vista ser um tema que ainda gera polêmicas e contradições na área, essa pesquisa buscou verificar a tensão em torno do trabalho com a leitura-escrita na pré-escola através das percepções e prática de uma professora. Para isso, traçamos um caminho de análise que inicia nas experiências de vida e envereda para as estruturas coletivas que formaram as percepções da professora e como esta vem praticando a leitura-escrita na sala de atividades. Há interlocução direta com precursores da Teoria Histórico-Cultural. A produção dos dados se deu a partir da observação não participante e entrevistas inspiradas no modelo recorrente. Os registros foram feitos em diário de campo, filmagens e fotografias, analisados com o apoio do paradigma indiciário. Os dados revelam o predomínio do saber cotidiano sobre o fazer pedagógico com a leitura-escrita na turma analisada. Percebemos que os espaços e os momentos da rotina em que a leitura-escrita se manifestou com mais frequência limitaram-se ao interior da sala de atividades e de maneira estrita. Notamos ainda que os fatores que geraram tensão nos relatos e ações da professora, no que se refere ao tema desse estudo, estavam relacionados à base de sua formação e foram mantidos pela prevalência de um saber advindo de interpretações rasas, inerentes a diferentes tendências pedagógicas e presentes no cotidiano da escola.
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