Apostas crianceiras na contramão do discurso colonizador nas religiões: o conto de Kiriku e a filosofia Ubuntu
DOI:
https://doi.org/10.14295/momento.v28i1.8769Resumo
O presente artigo objetiva apontar, a partir de epistemologias africanas, uma alternativa aos discursos e práticas, nomeados como intolerância religiosa, que possui números expressivos no Brasil. Partindo das análises históricas de investidas cristãs no Brasil colônia, entendemos que as lógicas coloniais encontram-se ainda imbricadas nos modos de viver religião no país. Consideramos, ainda, o adultocentrismo também como uma marca de colonização por um ideal de homem branco, adulto e cristão, um modelo europeu de existência. Desse modo, buscamos junto ao conto africano de Kiriku e à filosofia africana Ubuntu pautar o debate sobre outra forma de existência que nos permita coabitar na diferença, onde o desejo de domínio ou destruição que se encontram nas ações de violência de cunho religioso, dariam lugar a um modo crianceiro de abertura ao outro e a seus possíveis.Downloads
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