Ualalapi ou a ficcionalização do conflito armado Frelimo X Renamo – Ngungunhane como representação de Samora Machel
Palavras-chave:
Ualalapi, Ngungunhane, Samora Machel, Frelimo, Renamo, Associação dos Escritores Moçambicanos, Ungulani Ba Ka Khosa.Resumo
O presente artigo objetiva interpretar o significado político da obra literária Ualalapi (1987), livro de estreia do escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa. A título de aumentar sua legitimidade enquanto entidade política à frente do Estado, face à dura oposição militar operada pela Renamo, o então presidente de Moçambique, Samora Machel, líder da Frelimo desde 1970, intenta a construção urgente de uma identidade nacional moçambicana a partir da recuperação e ressignificação da figura de Ngungunhane, antigo soberano do Estado de Gaza. O processo de atribuir novo significado político a Ngungunhane e transformá-lo no mais antigo herói nacional, aproximado do próprio Samora Machel, não se deu sem considerável dose de violência e políticas autoritárias, visando apagar o “tribalismo”, deixar de lado valores étnicos em nome de criar “cidadãos moçambicanos”. Com isso em mente, olhamos para a narrativa de Ualalapi como um discurso político cuja intenção era relativizar o projeto nacional da Frelimo. Ualalapi (1987) ficcionaliza a derrocada/destruição do Império de Gaza, retratando Ngungunhane como um soberano autoritário que se recusava a abrir mão do poder. Este Ngungunhane ficcionalizado, representação do próprio Samora Machel, leva-nos a interpretar a narrativa de Ualalapi (1987) como metáfora/metonímia do contexto social e político que o autor testemunhava e contribuía para construir.Downloads
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Publicado
2020-09-11
Como Citar
Batista Bortolotti, J. A. (2020). Ualalapi ou a ficcionalização do conflito armado Frelimo X Renamo – Ngungunhane como representação de Samora Machel. Historiæ, 10(2), 125–146. Recuperado de https://seer.furg.br/hist/article/view/12010
Edição
Seção
Dossiê