O sacrifício de Narciso: considerações sobre a posição sacrificial do sujeito contemporâneo <p>Le sacrifice de Narcise: quelques considérations sur la position sacrificiel du sujet contemporain

Conteúdo do artigo principal

Rosana de Souza Coelho
Luís Adriano Salles Souto
https://orcid.org/0000-0002-6767-6203

Resumo

Resumo

O artigo resgata a concepção freudiana de práticas sacrificiais dessacralizadas, que Freud nos indica como aquelas que são ofertadas à escuta do clínico sob a enigmática forma dos acidentes, dos fracassos e dos sintomas. Em seguida, apresenta a temática do sacrifício em Lacan, trazendo seu contraponto às concepções de Marcel Mauss, pondo em relevo as teorizações lacanianas acerca do sacrifício como um modo do sujeito responder ao desejo do Outro. Servindo-se da teoria da discursividade lacaniana, concebe a religião como um discurso aparentado ao discurso do mestre e desdobra questões sobre o modo peculiar como o discurso religioso ata saber e verdade. Por fim, empreende um diálogo da Psicanálise com a Literatura, elegendo o romance Submissão, de Michel Houellebecq, como interlocutor para apontar a posição sacrificial do sujeito contemporâneo.

 

Résumé

À partir de la conception freudienne des pratiques sacrificielles désacralisées, cet article évoquera, dans un premier temps, la manière dont ces éléments se manifestent dans la pratique analytique sous la forme énigmatique des accidents, des échecs et des symptômes. Dans un deuxième temps, on soulèvera le thème du sacrifice chez Lacan en le contrastant avec la pensée de Marcel Mauss en vue de mettre en évidence la notion de sacrifice considéré comme un moyen par lequel le sujet répond au désir de l’Autre. Ainsi, on peut dégager un enjeu important de la théorie lacanienne: on y remarque que la religion est conçue comme un discours rapproché à celui du maître. C’est pourquoi il conviendra de se demander comment le discours religieux se lie au savoir et à la vérité. Pour terminer, dans le but de mettre en relief la condition sacrificielle du sujet contemporain, on essaiera de créer une passerelle entre la psychanalyse et la littérature à partir de l’analyse de Soumission, ouvrage de Michel Houellebecq. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Coelho, R. de S., & Salles Souto, L. A. (2019). O sacrifício de Narciso: considerações sobre a posição sacrificial do sujeito contemporâneo <p>Le sacrifice de Narcise: quelques considérations sur la position sacrificiel du sujet contemporain. Deslocamentos/Déplacements:/Revista/Franco-Brasileira/Interdisciplinar/De/psicanálise/E/Ciências/Sociais, 1(1), 115–152. Recuperado de https://seer.furg.br/des/article/view/9607
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Rosana de Souza Coelho, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre/RS.

Psicóloga. Psicanalista. Pós-Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicanálise - Clínica e Cultura/UFRGS. Doutora em Psicanálise - Clínica e Pesquisa/UERJ. Mestre em Psicologia Social e Institucional/UFRGS.

Luís Adriano Salles Souto, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Porto Alegre/RS.

Psicólogo, mestre em Psicologia Social (UFRGS) e doutor em Educação pela UFRGS e pela Université Paris 8.

Referências

Ambertín, M. G. (2008). Entre deudas y culpas: Sacrificios. Buenos Aires: Letra Viva.

Asnis, N. (2013). Homem bomba – o sacrifício das pulsões. Porto Alegre, RS: Buqui, 2013.

Coelho, R. S. (2018). Por uma política do impossível - Contribuições da psicanálise para a Reinvenção da vida coletiva. Rio de Janeiro: UERJ, 2018. Tese. (Doutorado em Psicanálise – Clínica e Pesquisa). Programa de Pós-graduação em Psicanálise. Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Coelho, R. S. (2018). Destruirás teu próximo como a ti mesmo. Analytica. São João del-Rei. v. 7. n. 12. janeiro/junho de 2018.

Freud, S. (1901). Psicopatologia da vida cotidiana. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.6). Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1901).

Freud, S. (1907). Atos obsessivos e práticas religiosas. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.9). Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1907).

Freud, S. (1908). Escritores criativos e devaneio. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.9). Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1908).

Freud, S.(1913). O interesse pela psicanálise. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.13). Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1913).

Freud, S.(1913). Totem e Tabu. Freud. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.13) Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1913).

Freud, S. (1916). Sobre a transitoriedade” (1916) Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.14). Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1916).

Freud, S. (1919). O estranho. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (vol.17) Rio de Janeiro: Imago. (Obra originalmente publicada em 1919).

Homem, M. L. (2011). No limiar do silêncio e da letra: traços da autoria em Clarice Lispector. Tese. (Doutorado em Teoria Literária e Literatura). Programa de Pós-graduação em Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Literatura Comparada. Universidade de São Paulo.

Houaiss. (2009). Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva.

Houellebecq, M. (2015). Submissão. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: Objetiva.

Kehl, M. R. (2002). Sobre ética e psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Lacan, J. (1988). O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Obra originalmente publicada em 1964).

Lacan, J. (1992). O Seminário. Livro 17: O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, (Obra originalmente publicada em 1969-1970).

Lacan, J. (1995). O Seminário. Livro 4: A relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Obra originalmente publicada em 1956-1957).

Lacan, J. (1998). A ciência e a verdade. In Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Obra originalmente publicada em 1966).

Lacan, J. (2005). O Seminário livro 1: A angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Obra originalmente publicada em 1962-1963).

Lacan, J. (2005). O triunfo da religião. Coleção Campo Freudiano no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Obra originalmente publicada em 1974).

Lacan, J. (2008). O Seminário. Livro 16: de um Outro a outro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. (Obra originalmente publicada em 1968-1969).

Legendre, P. (1983). O amor do censor. Ensaio sobre a ordem dogmática. Rio de Janeiro: Forense.

Lévi-Strauss, Claude. (2003). Introdução à obra de Mauss. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify. (Obra originalmente publicada em 1950).

Mauss, M. (1950/2003). Ensaio sobre a dádiva. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify.

O islam – Um código de vida para os muçulmanos, p. 4. Recuperado em 15/10/2017 em <http://www.islamemlinha.com/index.php/biblioteca/islao/item/o-islam-um-codigo-de-vida-para-os-muculmanos>

O Alcorão – tradução Mansour Chalita. Consultado em 13/06/2017 em <http://www.exmuculmanos.com/livros/alcorao-2/>

Pontalis, J.-B & Mango, E. G. (2013). Freud com os escritores. Tradução André Telles. 1ª ed. São Paulo: Três Estrelas.

Quinet, A. (2016). O gozo, a Lei e as versões do pai. Acesso em 18/05/2016. In: http://www.lacan.orgfree.com/textosvariados/gozoleiversoesdopai.htm

Reinares, F. (2004). Qué hay detrás del terrorismo suicida? Araucária Revista Iberoamericana de Filosofía, Política y Humanidades. 6 (11), 3-11. Recuperado em 12/09/2016 em <https://ojs.publius.us.es/ojs/index.php/araucaria/article/view/1026>

Smith, Robertson (1894). Lectures on the Religion of the Semites. London: 1894.

Zizek, S. (2010). Como ler Lacan. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges. Revisão técnica Marco Antônio Coutinho Jorge. Rio de Janeiro: Zahar.