Pela nomeação da transmasculinofobia

uma análise transfeminista

Autores

  • Cello Latini Pfeil UFRJ
  • Bruno Latini Pfeil UFRJ
  • Cauê Assis de Moura

Palavras-chave:

Transmasculinofobia, Transfeminismo, Transmasculinidades, Nomeação, Cisgeneridade

Resumo

Desde os anos de 1970, percebemos uma maior projeção do transfeminismo nos estudos de gênero e em espaços feministas. Primeiramente nos Estados Unidos, e seguindo para a América Latina nos anos 2000, o transfeminismo cresceu como importante movimento para a visibilização de pautas de pessoas trans e gênero-dissidentes, rompendo com a cisnormatividade dos feminismos. Todavia, como buscamos demonstrar, as transmasculinidades enfrentam apagamento e invisibilização no interior de tais movimentos, se deparando com uma lacuna epistemológica em relação à nomeação – como nomear as violências direcionadas contra as transmasculinidades? Como combater violências específicas que, no entanto, não possuem um nome para identificá-las? Neste artigo, temos como objetivo averiguar os obstáculos que pessoas transmasculinas enfrentam dentro e fora de movimentos feministas, observando posteriormente a necessidade de nomear o substrato desses obstáculos: a transmasculinofobia.

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Publicado

2025-01-30

Como Citar

Latini Pfeil, C., Latini Pfeil, B., & Assis de Moura, C. (2025). Pela nomeação da transmasculinofobia: uma análise transfeminista. Revista Eletrônica Interações Sociais, 8(1). Recuperado de https://seer.furg.br/reis/article/view/16926